[PERFIL] Mayckon Santos: as provações e conquistas de um triatleta

A palavra “difícil” vem acompanhando Mayckon Santos desde muito cedo. De uma infância complicada às corridas de alto rendimento, o hoje triatleta e morador de Penha prefere encarar o difícil como um desafio diário. E ele é instigado dia a dia a superar a marca da prova anterior, a encarar uma rotina intensa de treinos e a comandar uma empresa de assessoria esportiva focada em levar qualidade de vida e, quem sabe, a formar novos atletas na cidade.

Contudo, para chegar bem até julho deste ano, Mayckon pavimentou oito anos de esforços. Investiu o que não tinha para conseguir treinar e competir. Hoje, consegue se manter com patrocínios e com o apoio de gente que acredita em seu trabalho.

O caminho dele em direção às competições de triatlo começou em cima de uma prancha, na Praia do Quilombo, aos 14 anos. A experiência lhe rendeu bom condicionamento físico, mas acabou sendo frustrante. “Sempre fui muito competitivo e não concordava com as notas que eu tirava em competições. Isso me fez cansar do surfe”, comentou. As ondas passaram a ser encaradas apenas como diversão; uma válvula de escape para as dificuldades que ainda permeariam o caminho do triatleta.

Em 2010, Mayckon conheceu o tal do triatlo. Ficou na função de staff (apoio) em competições desta modalidade até 2012. “Achava aquilo tudo meio maluco. Os caras nadavam, corriam e ainda pedalavam”, recorda. A maluquice encantou Mayckon, que logo passou a participar em provas de corrida. Começou nas de 5 km. “Era muito difícil para mim”.

Se correr 5 km era penoso, Mayckon encontrou ainda mais dificuldade na água. Justamente onde começou a prática de esportes. “Eu não sabia nadar. Mas já tinha na minha cabeça que queria me tornar triatleta. Então fui aprender a nadar”, recorda.

Nas braçadas e nas corridas, ele estava começando a pegar o ritmo. Faltava entrar em cena a bicicleta. A primeira compra não deu muito certo. A bike não era a ideal para o tamanho dele e só atrapalhava. Nessa época, em torno de 2013, Mayckon estava envolvido com a construção da casa onde ele vive hoje. Acabou trocando a bicicleta por uma betoneira para concluir a obra. “Era o que me restava fazer”, diz, rindo da situação.

De 2013 a 2015, a coisa começou a ficar séria. Nesses dois anos, o triatleta passou a competir em provas de triatlo conhecidas como Sprint; são disputas curtas. Em 2015, Mayckon partiu para o primeiro Half Ironman (meio iron man): 1,9 mil metros de natação, 90 quilômetros de pedalada e 21 quilômetros de corrida. Foi um ano de preparação; um ano envolvido com TCC da faculdade, estágio, trabalho…Mas ele conseguiu o objetivo de terminar a prova.

Mais quatro

Depois dessa primeira sensação de participar de um iron man, Mayckon ainda teve fôlego e preparo físico para mais quatro Ironman 70.3, com é conhecido o Half Ironman. As provas ocorreram em Brasília, Foz do Iguaçu, Rio de Janeiro e Florianópolis. Terminou todas as provas e, mais uma vez, a superação.

Faltava ainda o grande objetivo: aquele de oito anos atrás. Completar o Ironman full, com 3,8 quilômetros de natação, 180 quilômetros de bicicleta e 42 km de corrida. A prova foi em maio, em Floripa. E o confronto contra o tempo e o tamanho da competição deu certo. Novamente, percurso completo.

Para manter em dia os treinamentos e conseguir chegar às competições, o triatleta de Penha contou com o apoio de alguns empresários da cidade. Entre eles, o corretor João Pereira Neto, proprietário da Sólida Imóveis. “O João sempre fomentou o esporte. Ele foi o primeiro a acreditar no meu potencial como atleta e está comigo até hoje. Graças a oportunidade que a Sólida e outras empresas e pessoas me deram, cheguei onde estou hoje”, fala.

Assessoria esportiva

O começou tardio, a idade (tem 30 anos) e as provações de uma vida de profissional fazem com que ele desacelere das competições e foque em treinar e a criar novos atletas em Penha.

Há três anos, abriu uma empresa de assessoria esportiva, que leva o nome dele. Hoje atende 140 pessoas interessadas em levar uma vida saudável, com mais qualidade e atividades físicas. “Eu percebi que era necessário prestar esse tipo de serviço em Penha. Foi algo que senti falta no meu começo como triatleta e pode fazer toda diferença na vida de alguém queira se profissionalizar. É uma opção de escolha para os moradores da nossa região”, avalia.

As aulas da “Mayckon Santos – Assessoria Esportiva” são divididas como em uma prova de triatlo. As segundas e quartas (6h30min às 8h) e as terças e sextas (18h30min às 20h) são dedicadas às corridas no calçadão da Praia Alegre. Terças e quintas, das 8h30min às 11h, a pegada é na bicicleta (Speed e MTB). A natação é feita em uma academia de Navegantes, das 12h às 13h20min.

O acompanhamento é feito em grupo e individualmente. “Há pessoas que começaram acima do peso e eram sedentárias, e hoje participam de competições. Tomaram gosto por praticar esportes e isso é o mais gratificante para mim”, diz. Além de Mayckon, a assessoria conta com mais uma professora de Educação Física (Anaisla Koblitz), um estagiário de educação física e uma pessoa responsável pelo setor financeiro.

Capacitação

Uma vez por mês, Mayckon viaja a Campinas, onde cursa uma pós-graduação em Educação Física Triathlon na Unicamp. A qualificação é para levar ainda mais profissionalismo à empresa de assessoria e destacá-lo como treinador. Hoje ele tem dois projetos a longo e médio prazo: treina um menino de 10 anos, morador de Penha, e uma jovem de 22 anos, de Balneário Camboriú. “Tenho certeza que em breve teremos boas notícias de ambos”, acredita.

Em uma competição no ano passado, em Penha, 17 alunos de Mayckon participaram. Desses, 16 chegaram ao pódio. “Basta começar e acreditar, pois tudo é possível”, completa.