Os primeiros movimentos do tabuleiro político de Penha

Estamos a 252 dias do resultado da eleição de 2020. Por essa hora, Penha já saberá quem vai governar a cidade a partir de janeiro de 2021: se Aquiles da Costa (MDB), por reeleição, ou algum dos pré-candidatos a prefeito que estão se apresentando nas últimas semanas.

Dois grandes grupos brigam pelo protagonismo na disputa: MDB, com o prefeito Aquiles, e o PSDB, com o ex-prefeito Evandro Eredes dos Navegantes. Apesar do escândalo das multas do Detranpen e da prisão em 2018, é em Evandro que o PSDB tem apostado as suas fichas.

Em recente enquete publicada pelo Notícias de Penha, o ex-prefeito alcançou 52% dos votos; Aquiles chegou aos 48%. Há quem diga que houve empate técnico. De fato, a briga entre Evandro e Aquiles, se assim acontecer em outubro, não será fácil para nenhum deles.

Por que digo isso? Vamos voltar a 2012.

Naquele ano, Evandro disputava a reeleição de um governo considerado bom; em poucos meses de administração, o ex-prefeito já havia construído creche, posto de saúde e inaugurado algumas obras. A reeleição era considerada certa, com uma diferença gigantesca do outro oponente; no caso, o então vereador Aquiles da Costa (MDB).

Com uma campanha modesta e de poucos recursos, Aquiles ficou a 613 votos da cadeira de prefeito. Foram 7494 votos para Evandro (52,13%) e 6881 votos para Aquiles (47,87%). Evandro não ficou feliz com a vitória (quase derrota) e se livrou de alguns partidos que não o ajudaram como o prometido na reeleição.

Lá em 2012 a gente já sabia; 2016 era o ano de Aquiles. E assim o foi. Disputando contra 2 candidatos, Aquiles venceu de maneira avassaladora. O atual prefeito obteve 61,51% dos votos válidos, somando 9925 votos; na sequência vieram Júlio Lanches (DEM) com 21,44% e Felipe Schmidt (então PSD e hoje DEM), com 17,04%.

O que acontece agora?

A análise de 2012 deve ser trazida ao tabuleiro político de Penha neste ano de 2020. Dessa vez, temos Aquiles indo à reeleição com um governo que não é bom. Há diversos avanços na Saúde e na Educação, mas é só. Aquiles apresentou escassos resultados em obras e passou boa parte da ruim administração jogando a culpa no ex-prefeito Evandro.

Não quer dizer que Aquiles não tenha razão. Porém, o repetitivo discurso cansou a população e políticos que (ainda) estão ao lado dele no projeto político atual.

Diferente de 2012, quando Evandro foi para uma reeleição bem avaliado e quase perdeu, Aquiles chega sem boa parte do apoio que teve em 2016, quando juntou 10 partidos em torno do MDB para alcançar a prefeitura. Aquiles chega enfraquecido pelas constantes promessas de Facebook, a maioria não cumpridas: trapiche pronto em janeiro; distrito turístico, Terceira Avenida, Alfredo Brunetti “glamourosa”, parque municipal da Ponta da Vigia e por aí vai.

O que não podemos descartar é o poder da máquina pública na mão. Lembram o que Evandro fez em 2016 para tentar bombar a campanha de Júlio à reeleição? Houve distribuição em massa de carradas de brita no Mariscal, pavimentação na Cohab e inúmeras ajudinhas de última hora….de nada adiantou.

Aquiles, ao final de quatro anos, terá arrecadado 133 milhões de reais a mais do que Evandro. A prefeitura, sob o comando de Aquiles, passou a receber mensalmente o ISS do Parque Beto Carrero World, que ficou isento por 20 anos. Mesmo com estes incrementos, o crescimento da cidade desacelerou.

A tábua de salvação de Aquiles, pelo que dizem seus interlocutores, é a liberação do empréstimo de 20 milhões de reais via Caixa Econômica Federal.

Se o dinheiro for liberado, o que Aquiles fará pela cidade? O que os moradores estão esperando ou a mesma tática da ajudinha de última hora para garantir a reeleição?

Pode não adiantar de nada.